Balbúrdia PoÉtica
Poesia Ali Na Mesa
Dia 12 julho das 14 às 19h
Casa da Palavra, Praça do Carmo, 171
Santo André-SP – Artur Gomes
Criador do Projeto
com os dentes
cravados na memória
botei fogo no oitavo andar
do paiol de milho do meu pai
tinha sete anos de pirotecnia
quebrei o pulso esquerdo
quando pulei direto do abismo
para corpo
solar da poesia
Artur Gomes
Do livro A Biografia de um Poeta Absurdo – inédito
confira lista dos poetas confirmados no blog
https://fulinaimamultiprojetos.blogspot.com/
BalBúrdia PoÉtica 10
Poesia Ali Na Mesa
Casa da Palavra – Santo André-SP
Dias 12 de julho das 14 às 19h
Praça do Carmo, 171
Curadoria:
Artur Gomes, Cesar Augusto de Carvalho, Julio Mendonça, Jurema
Barreto e Silvia Helena Passarelli
Homenagens:
Poesia Viva: Dalila Teles Veras e Zhô Bertholini
a memória de Antônio Possidônio Sampaio, Francis de Oliveira e
Wilma Lima
exposição - livros - roda de conversa - performances –
homenagens + Sessão Cine.Vídeo
*
Balburdiar : Eis O Verbo
*
Balbúrdia significa desordem barulhenta; vozearia, algazarra,
tumulto. É isso que se propõe realizar na Casa da Palavra, em Santo André, em
12 de julho.
Projeto do multiartista Artur Gomes que passa por
diversas cidades brasileiras, especialmente no eixo Rio – São Paulo, a
Balbúrdia Poética chega a Santo André propondo ser um local de reflexões,
trocas e muita poesia.
Poetas confirmados:
Abel Coelho + Ademir Demarchi + Alessandro de Paula + Antonio
Carlos Pedro +Armando Liguori Jr. + Arnaldo Afonso + Augusto Contador Borges +
Beth Brait Alvim + Betty Vidigal + Carlos Galdino + Carolina Montone + Cleber
Baleeiro + Décio Scaravelli + Danihell TW + Dilène Barreto + Dione Barreto +
Elcio Fonseca +Franklin Valverde + Urbanista Concreto + Ieda Estergilda Abreu +
Ingrid Morandian + Jane Arruda de Siqueira + Julio Bittar + Junior Belle +
Luisa Silva de Oliveira + Luiz Henrique Gurgel + Marcelo Brettas + Marise
Hansen + Paulino Alexandre + Remisson Anicetto + Roberto Bicelli + Rosana
Venturini + Roza Moncayo + Vera Barbosa + Vlado Lima
Fulinaíma MultiProjetos
22 99815-1268 – zap
@fulinaima @artur.gumes – instagram
V(l)er mais no blog
Zhô Bertholini - um dos poetas
homenageados na Balbúrdia PoÉtica 10 - Poesia Ali Na Mesa - Dia 12 de julho
das 14 às 19h - Casa da Palavra Praça do Carmo, 171 - Santo André-SP –
V(l)er mais no blog
Poesia Ali Na Mesa
https://fulinaimamultiprojetos.blogspot.com/
BECKETT DIES
havia um mundo bem aqui
o padre o pastor o rabino o jornaleiro da esquina
a florista da quadra de baixo
e até mesmo jack, o estripador — todos
estavam convencidos
de que havia um mundo bem aqui
um mundo vasto, para os banqueiros
mágico, para alguns poetas
uma bola de bilhar rodopiante traçando inevitável trajetória
em direção à caçapa, para os estudiosos dos buracos negros
um mundo que começava no cruzamento
da rue du louvre com a saint-honoré
e se estendia por mais de 150 milhões de quilômetros
em todas as direções possíveis
— e até impossíveis, acreditavam alguns patafísicos —
passando por cordilheiras, geleiras, prados,
colinas, edifícios de 120 andares, ruas estreitas,
oceanos, florestas, pontes, pântanos, cerrados, desertos,
complexos ecossistemas nos quais trilhões de seres vivos
se reproduziam numa escala assombrosa
e se devoravam também numa escala assombrosa
uns se alimentando dos outros
embora algumas espécies não fossem
devoradoras
necessitando apenas de oxigênio, talvez um pouco de luz
solar, quem sabe um pedacinho de terra
ou de água
para continuarem vivas
— e olha que algumas delas fossem bem grandes
outras somente visíveis com o auxílio de sofisticados
microscópios
desenvolvidos após milhares de anos
de labuta tecnológica
sim, havia um mundo
vasto, mágico,
cruel, de certo ponto de vista,
bem aqui
e agora os filósofos, os jornalistas, os engenheiros,
os cartógrafos
e até mesmo os iogues
estão queimando pestanas, desenvolvendo novas teorias,
lançando mão dos conceitos mais abstratos
para tentarem descobrir
onde, raios, afinal,
ele foi parar
Ademir Assunção
TERRA DE SANTA CRUZ
ao batizarem-te
deram-te o nome
puta
posto que a tua profissão
é abrir-te em cama
e dar-te em ferro
ouro
prata
rios, peixes, minas, mata
deixar que os abrutes
devorem-te na carne
o derradeiro verme
Artur Gomes
Couro Cru & Carne Viva
1987
V(l)er mais no blog
CISÃO
Estar neste mundo
é estar dividido entre o dentro
e o fora,
entre a vida
e o ir-se morrendo.
É desejar ardentemente religar-se,
unir suas partes
e sentir o horror desta impossibilidade.i
Estar neste mundo
é a todo instante ter de optar.
decidir...
Insegurança constante
claroescuro,
lusco-fusco que entorpece,
cava um abismo por entre as percepções,
os sentimentos,
e a seta ao longe prenunciando a morte.
Qual equilibrista,
num átimo de segundo,
é preciso decidir se o pé vai à direita,
à esquerda
ou um pouco mais à frente.
Ato que determinará o próximo passo,
ou,
se mergulhará
no nada.
VOO
Num galho solitário
de uma árvore qualquer,
as marcas recentes
de um voo interrompido.
APENAS SER
Às vezes me pego
olhando
para uma pedra,
uma flor,
invejando sua existência.
Não sonham,
não desejam,
não se frustram.
São o que são.
Ainda quando
se transformam
em buque
ou escultura,
continuam pedra
e flor.
Mais evoluidas,
não se deixam
influenciar por nada.
Mantêm-se na sua
serena sabedoria:
sem aflições inúteis,
sem exacerbadas tristezas.
Ser a pedra
ser a flor
nao ser "eu"
Apenas ser.
NINGUÉM VÊ
No limbo da pedra,
no fosso,
no fundo,
escorrem lágrimas
vermelhas
que repousam
coaguladas,
no esquecimento
das pequenas fissuras.
Ninguém vê.
Como se não houvesse choro,
nem pedra,
nem gente.
Ninguém vê
ou sente.
UNÍSSONO
súbita
solidão
soluça
silenciosamente
no cio sem solução
sem sol
---unção
…………………………………….
escorre dos dedos
como notas musicais volatizadas
o testemunho do gozo solitário
SERIA MAIS FELIZ?
e se eu rasgasse a carne
o ventre
os versos?
assumisse de vez
o incontrolável
o intolerável
O inadmissível?
sonhos
jorrando do êxtase
a noite virada dia
sexo
todo dia
e os versos
Os versos na carne
nos ossos
no sangue da língua
no sabor quente
do suor
na exaustão do viver
assim
entre versos
berros
estradas escarpadas
e ranhuras no céu
se eu assumisse este horror
seria mais feliz?
DESASSOSSEGO
o que fazer
com este desassossego
esta intemperança?
metê-los no bolso do sobretudo?
não uso sobretudo
vestimenta alguma
me protege
nu
não tenho como livrar-me
e o desassossego
penetra-me
acomodando-se por dentro
incomodando-me à loucura
MANIFESTO
fica decretado o fim da opressão
do desrespeito
dos interesses escusos do capital
que o artista seja livre
para criar
para inquietar com suas ideias
para revolucionar com o novo
descartando a novidade passageira
que o artista seja livre
para que
com sua magia
retire do sono profundo
os seres dormidos
C que estes
de olhos e corações expandidos
resultem em novos seres
capazes de paz
liberdade
fica decretado o fim do isolamento
da alienação
do desencontro
que
respeitado o tempo solitário da criação
tudo o mais seja partilhado
para que se amplie
€ Se multiplique
em beleza e reflexão
em intervenção
em mudança
fica decretado ainda
que a partir de agora
nós
eternos aprendizes
mais do que nunca
não permitiremos vendas nos olhos
no coração
travas
e nenhuma amarra nas mãos
Roza Moncayo
V(l)er mais no blog
https://fulinaimamultiprojetos.blogspot.com/