domingo, 28 de setembro de 2025

Por ONde Andará Macunaíma?

                         VeraCidade

 

A inexistência da poesia em uma cidade não é bacana, é o reflexo do estrago da sensibilidade humana

 

Rúbia Querubim

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A Biografia De Um Poeta Absurdo

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espiã confessa

pedra que voa

depois que choveu pedra em São Francisco do Itabapoana no final de 2024, por ficarem sem saber se gelo ou granizo, alguns moradores da localidade do Macuco, resolveram instalar uma comissão popular de inquérito para apurar as causas do acidente.

Sabedores de que o significado da palavra Ita/bapoana é pedra que rola sobre o leito do rio, é bem possível que as “pedras” revoltadas com suas condições de viverem submersas podem ter sofrido gigantes mutações e serem transformadas em pedras que voam, incentivadas pelas bruxarias e alquimias desenvolvidas por alguns personagens do livro “Itabapoana Pedra Pássaro Poema”.

 

diante de tudo

que tenho falado

despido lido escrito

ser porta bandeira

não é uma missão

apenas por ter incorporado

a Mocidade Independente

de Padre Olivácio

     em Ouro Preto

tem mais angu nesse caroço

cabeça nesse prego

não nego

estou metida nessa trama

dos pés aos fios de cabelo

em cada uma das nervuras desse osso

debaixo dos lençóis de cada cama

tem segredos e mistérios

que sendo revelados

deixariam qualquer país em alvoroço

                            *

em vampiro goytacá

canibal tupiniquim

somos serAfim

todas nós somos

vampiras

numa página a gente transa

noutra página a     gente pira

 

Gigi Mocidade

Ex-Rainha da Bateria da Mocidade Independente de Padre Olivácio - a Escola de Samba Oculta no Inconsciente Coletivo

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a história nem conta onde o Conde D dava, porque a história é narrada pelos que se julgam vencedores, mas nem sempre isso é verdadeiro, Darcy Ribeiro por exemplo, gostava de se considerar um perdedor, pois segundo ele mesmo não cansava de afirmar que não se sentiria a vontade estando junto aos vencedores, das batalhas que ele travou durante toda sua vida em defesa do povo brasileiro.

 

Rúbia Querubim

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Bar do Firo

 

Gargaú

São Francisco de Itabapoana-RJ

 onde você come bebe e só paga a cerveja dona Beja não te engana quer comer peixe de graça só na pedra de Itabapoana


Irina Severina

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Onde está Macunaíma?

 

no poema na metáfora

no palco no livro

na tela do  cinema

no Acre na Amazônia

em Minas Bahia Pernambuco

Pará Sergipe Piauí

 Rio de Janeiro Espírito Santo

Macuaíma está em todo canto

Paraná Santa Catarina

até nas mais remotas

matas virgens  do Xingu

ou nas águas frias

do Rio Grande do Sul

ou nas termas quentes

do Rio Grande do Norte

Macunaíma vento forte

se misturou nas maravilhas

e também nas sutilezas

divina preguiça da beleza

das terras do bem virá

comeu o pão que o diabo amassou

quando se transmutou por São Paulo

no trampo do caos urbano

quase desapareceu do país

mas como um bom feiticeiro

seu pai não se enganou

te fez tornar-se encantado

para que o povo então  entendesse

as profundezas do teu  significado

 

                   Terra,

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua da minha boca

não cubra mais tua ferida

 

Artur Gomes

dos livros : Suor & Cio (1985)

e Pátria A( r)mada - 2022

Por Onde Andará Macunaíma ?


 Gigi Mocidade - Eva já subiu a serra de Pacaraima? já viu o sol nascer na terra de makunaima? já beijou a pedra marco zero de Roraima? Piamã disse que não,  mas Irina já experimentou o experimental de Wally Salomão 

Federico Baudelaire - de onde estou em Itabira eu te pergunto Nilson Siqueira por onde andará Macunaíma? Eva Seiberlich não soube me responder se subiu serra do pacaraima ou beijou a pedra de muiraquitã, Cy a rainha mãe mato continua desfilando na Portela – Paulo Victor que esteve por algum tempo incorporando Macunaíma escafedeu-se tomou chá de sumiço com medo de Piamã com o seu descompromisso - preguiça só quem pode ter mesmo é o próprio Macunaíma. Já dizia Mário de Andrade em, seus delírios febris.

Ainda na Estrada frustrado por passar em Iriri e não encontrar a minha amada. Por onde andará Irina? que não é Macunaíma e só de sacanagem ou até sagaranagem, Rúbia me informa o paradeiro errado da minha andorinha azul, ela deve ter ido pro norte mas querubim me diz que foi pro sul, desfilar de porta/bandeira sem ensaio na mocidade independente de padre olivácio, no festival de Blumenau, aceitando o  convite do Pastor de Andrade o aliciador de ovelhas desencantadas. Só me resta conferir com Federika se ela foi mesmo para Blumenau ou foi se instalar em Vila Rica, depois de passar pelas praças de Bento. 

Itabapoana Pedra Pássaro Poema

 

era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma

(Ainda estou aqui)

na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço?

tá no canto da sereia
no rabo da arraia
nos barracos da favela
nos becos do matadouro
na usina sapucaia?

na teoria dos mistérios

dos impérios dos passados

nas covas dos cemitérios

 desse brasil desossado?

macunaíma não me engana

bebeu água do paraíba

 nos porões dos satanazes

 está nos corpos incinerados

 na usina de cambaíba

 em campos dos goytacazes

macunaíma não me engana

está nas carcaças desovadas

na praia de manguinhos em

               são        francisco do itabapoana


Joilson Bessa me disse
Kapiducéu já ensaia
Macunaíma vem vindo
no Auto do Boi Macutraia

 

Artur Gomes

poema do livro

Itabapona Pedra Pássaro Poema

Litteralux – 2025

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quinzenalmente às segundas Por Onde Andará Macunaíma está na coluna que assino no canal ArteCult.com 

A Biografia de Um Poeta Absurdo

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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Por Onde Andará Macunaíma?

Encontro Literário

Jovens Em Movimento

Poesia Literatura

Roda de Conversa 

Intervenções PoÉticas 

#poesia #literatura #intervençõespoéticas #encontroliterario #jovensemmovimento

#rodadeconversa

#BalbúrdiaPoÉtica

*

porta/bandeira 

 

diante de tudo

que tenho falado

despido lido escrito

ser porta bandeira

não é uma missão

apenas por ter incorporado

a Mocidade Independente

de Padre Olivácio

     em Ouro Preto

tem mais angu nesse caroço

cabeça nesse prego

não nego

estou metida nessa trama

dos pés aos fios de cabelo

em cada uma das nervuras desse osso

debaixo dos lençóis de cada cama

tem segredos e mistérios

que sendo revelados

deixariam qualquer país em alvoroço

 

Federika Bezerra

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Por Onde Andará Macunaíma?

🌀📖 Onde está Macunaíma? No mangue, na memória, na metáfora — e nas palavras do nosso novo colunista colaborador Artur Gomes (@artur.gumes / @fulinaima), que nos convida a revisitar o herói sem nenhum caráter com poesia, afeto e crítica.
Na coluna Por Onde Andará Macunaíma, o autor traça conexões entre o clássico de Mário de Andrade, a lenda viva de Bracutaia e os mistérios do Boi Macutraia, em um texto que mistura realismo fantástico, cultura popular e uma escrita que pulsa como veia aberta!

📖 Leia na íntegra na Editoria LITERATURA
✍🏼 Coluna de Artur Gomes (@artur.gumes / @fulinaima)
🔗 Confira em ArteCult.com

E você, o que acha, por onde anda Macunaíma?

#Macunaíma #ArturGomes #ACRetro #LiteraturaBrasileira #PoesiaContemporânea #Bracutaia #BoiMacutraia #CulturaPopular #EditoriaLiteratura #ArteCultNaLiteratura #DestaqueAC #SemanaDeArteModerna #CarlosDrummondDeAndrade #Tropicália #Gargaú #Itabapoana #PoesiaMetafórica #HeróiSemCaráter #Fulinaima #JoséCésarCastro #BibliotecaBracutaia


Abismos

Olhos—duas chamas frias no breu,
tremulam, insondáveis como espelhos partidos.
Abismos onde os pensamentos afundam,
onde o tempo curva os joelhos e implora.

Olhos—poços de luto e de presságios,
onde a noite verte seu aguardente vagabundo.
Neles dorme a verdade retorcida,
como um náufrago sem horizonte.

Há olhos que cospem cinzas de séculos,
outros que sangram silêncios ocres,
e há os que, imóveis como ruínas,
soterram segredos entre sombras e aço.

Mas os teus, frios e fundos,
devoram os gestos, os nomes, as preces,
e me olham como a morte olha um pagão,
sem piedade, sem pressa, sem perdão.

Simone Bacelar
SSA 19/02/2025

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Terra,

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua

da minha boca

não cubra mais tua ferida


entre aberto

em teus ofícios

é que meu peito de poeta

sangra ao corte das navalhas

e minha veia mais aberta

é mais um rio que se espalha


amada de muitos sonhos

e pouco sexo

deposito a minha boca no teu cio

e uma semente fértil

nos teus seios como um rio


o que me dói é ver-te

devorada por estranhos olhos

e deter impulsos por fidelidade


ó terra incestuosa

de prazer e gestos

não me prendo ao laço

dos teus comandantes

só me enterro à fundo

nos teus vagabundos

com um prazer de fera

e um punhal diamante

 

minha terra

é de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta – avança

plantada em ti

como canavial que a foice corta

 

mas cravado em ti

me ponho a luta

mesmo sabendo – o vão

estreito em cada porta

MOENDA

 

usina

mói a cana

o caldo e o bagaço 

usina

mói o braço

a carne o osso 

usina

mói o sangue

a fruta e o caroço 

tritura suga torce

dos pés até o pescoço 

e do alto da casa grande

os donos do engenho controlam

:

o saldo e o lucro 

Artur Gomes

poema dos livros: Suor & Cio

MVPB Edições - 1985

e Pátria A(r)mada

Editora Desconcertos – 2019

Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio-2020 – lançamento da segunda edição ampliada em 2022

gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia

2002

 https://www.facebook.com/arturgomespoeta/

 arde em mim

um rio de palavras

corpo larvas erupção

mar de fogo vulcão.

 

bom dia meus queridos

e queridas nesse domingo

de sol quase nuvem. e porque hoje

é domingo no parque de hera

me vingo com os caprichos

de afrodite que me leva pela

áfrica de dentro

em transversais transversias

terra mãe do epicentro

dessa transversa pandemia

universo que me espelha

na gravidade que me espalha

minhas faíscas na centelha

do leite seco das pedras

o mel no útero da abelha

minha estrada algaravia

 

Artur Gomes

Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras

www.fulinaimargem.blogspot.com


O Poeta Enquanto Coisa

 Com prefácio de Igor Fagundes, e texto para orelha de Nuno Rau, O Poeta Eqnaunto Coisa foilançado em 2020 pela  Editora Penalux.

 Segue esse poema do meu grande amigo querido, EuGênio Mallarmè. presente que ganhei dele, quando fez a primeira revisão do livro.

Metáfora

 

meta dentro

meta fora

que a meta desse trem agora

é seta nesse tempo duro

 

meta palavra reta

para abrir qualquer trincheira

na carne seca do futuro

 

meta dentro dessa meta

a chama da lamparina

com facho de fogo na retina

pra clarear o fosso escuro

 

EuGênio Mallarmè

www.secretasjuras.blogspot.com

 

 pandemônia

 ela chegou sem aviso prévio

foi direto ao sangue

uma facada  no fígado

 

 sensualidade

água escorrendo

sobre a pele

da saudade

Lagoa Doce - Eco Sistema

São Francisco de Itabapoana-RJ

 precisamos transformar esta paisagem em cenário de cinema. luz natural depois das 4 da tarde antes que a noite chegue com poema na ponta da língua de cada boca.

 

parafraseando

Glauber Rocha

 

com uma câmera nas mãos

e um poema na cabeça

vamos gravar um vídeo

vamos fazer um filme

antes que o poema desapareça

 

Artur Gomes Fulinaíma

o homem com a flor na boca    

www.arturfulinaima.blogspot.com



Festival Cine Vídeo

De Poesia Falada

em dezembro 1 Ano

Studio Fulinaíma Produção Audiovisual

https://www.facebook.com/studiofulinaima


ser/tão corpo

cor coração coragem

BraziLírica

para Uilcon Pereira in memória

 

salve salve

a metáfora anárquica

res-publicana brazilírica

que assombradado seja

o poder da fricção

 

meu coração é vermelho

nunca foi verde/amarelo

minha faca tem dois gumes

 

não tem neves

não tem cunha

não tem mello

alcalumbre vagalume

 

no circo tem marmellada

às 8 horas da noite

com a massa tele guiada

 

Artur Gomes

BraziLírica Pereira:

A Traição das Metáforas

www.brazilicapereira.blogspot.com 



              Ruidurbanos

 também me lembro aquela tarde em Teresina lá estava eu naquela tarde e Jomard Muniz de Britto me falava que certa vez em Pernambuco um Rei eunuco engravidou certa Rainha do reino de Assombradado.

 Perseguido pela in-justiça o eunuco caiu do telhado direto num mar de lama e desde então fez a fama e nunca mais foi encontrado.

 

Federico Baudelaire

https://www.facebook.com/ruidurbanos


Artur Gomes 

FULINAIMAGEM

www.fulinaimagens.blogspot.com

Fome é tema de ensaio fotográfico

 com ossos à venda em bandejas

 

come osso menina

come osso menino

não há mais metafísica no mundo

do que comer osso

 

no açougue ou no mercado

osso de graça já foi dado

hoje é vendido hoje é comprado

 

come osso maria

come osso mané

come osso joão

com arroz e feijão quebrado

 

porque nesse país sem nome

temos que comer osso

para matar a nossa fome


Artur Gomes

Pátria A(r)mada

www.porradalirica.blogspot.com


Esse Macunaima que vai surgir no vídeo foi pintado por Genilson Paes Soares no coreto de Manguinhos, em 2017, na edição de junho de maio de 2017. Infelizmente a ignorância com reação a Arte e Cultura em São Francisco do Itabapoana é tanta que mandaram apagar. Com certeza o autor ou a autora da façanha não tem a mínima ideia de quem foi Macunaíma, e o que ele representa para a forma étnica do povo brasileiro.

 

Genilson Soares

Pintando o 7 no Coreto

Sarau Manguinhos Vive

Dia 27 de Maio - 2017

Trilha Sonora: Luiz Ribeiro

faixa do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia

Fulinaíma MultiProjetos

Roteiro & Direção: Artur Gomes

https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1395472030547713/?hc_ref=PAGES_TIMELINE



com uma câmera nas mãos

um poema na cabeça

vamos fotografar o poema

antes que desapareça

 https://www.facebook.com/arturgomesfotografia


                       MACUCO

 

quando cheguei por aqui

só vi aipim abacaxi

não entendi a palavra pássaro

pássara passado passará

o tempo passa

e não entendia a lentidão

das pessoas

que não entendem poesia

e ainda não entendo

o corpo que pensa

só cabeça tronco membros

o corpo passa o corpo dança o corpo anda

mas no Macuco não pensa

no Macuco não dança

e eu que venho de longe

dos desejos imortais do serAfim

eu me pergunto:

qual o desejo qual o sentido de um povo ser assim?

obs.: na foto não é um macuco, porque aqui está em extinção, é uma garça na boca lutando pela sobrevivência, para também não entrar na lista dos pássaros em extinção.


Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

(22)99815-1268 - whatsapp

Poética 92

 

era uma vez e não Hera

deus Prometeu me dissera

Cronos a transformará em Fedra

se não descrever sobre a pedra

as escrituras sagradas

bem mais muito mais que secretas

que tu trazes na carne

de lá da ilha de Creta

 

Federika Lispector

Dentro da Noite Veloz

A Flor Da Pele

 

aqui redes em pânico

pescam esqueletos no mar

esquadras descobrimento

espinhas de peixe convento

cabrálias esperas relento

e um cheiro de podre no Ar

caranguejos explodem

mangues em pólvora

 

Projeto Arte Cultura

Oficinas: Teatro Fotografia Música

Artesanato Poesia Cine Vídeo

Macuco – São Francisco de Itabapoana-RJ

Direção: Artur Gomes

Fulinaíma MultiProjetos

(22)99815-1268 – whatsapp

 https://www.youtube.com/watch?v=ojbGSgdTLhI


Jura secreta 101

 

fosse Clarice

uma mulher aos trinta

em tudo que ainda sint(r)a

como um mar pulsando ostras

 

beijaria o sal nas coxas

entre deuses céus infernos

fosse sagrado – não profano

nossos desejos mais e-ternos

 

fosse nu – corpo sem planos

como o vento nos vinhedos

em teus cabelos – desalinhos

os teus poros nos meus dedos

 

tua lã fosse meu linho

panos rasgados sem segredos 

tua língua entre meus dentes

em nossas bocas tinto – vinho

o nome da musa

 

em tudo que Ana não disse

teus lábios molhados

talvez só quisessem

a língua lambendo Clarice

na hora do amor se fizesse

um livro com hora marcada

no instante que ela quiser

na ora H de Clarice

em Ana nascendo a mulher

 

O Nome Da Musa

https://www.facebook.com/onomedamusa/


pele grafia

 

meus lábios em teus ouvidos

flechas netuno cupido

a faca na língua a língua na faca

a febre em patas de vaca

as unhas sujas de Lorca

cebola pré sal com pimenta

tempero sabre de fogo

na tua língua com coentro

qualquer paixão re/invento

o corpo/mar quando agita

na preamar arrebenta

espuma esperma semeia

sementes letra por letra

na bruma branca da areia

sem pensar qualquer sentido

grafito em teu corpo despido

poemas na lua cheia

 

Artur Gomes

Juras Secretas

www.secretasjuras.blogspo.com


desconcerto

                                  para Artur Gomes

 

o poeta é um jogador

joga um lance de dados

com dedos num  dado lance 

palavras letra por letra

 

sílaba por sílaba

sem nome ou  sobrenomes

no universo das coisas

no artifício das cores

 

tira um sarro com metáforas

desconcerta  verbalírica

a métrica a fonética

os significados

onde não tem nenhum sentido

 

enfeitiça o sub-mundo

enaltece o desdentado

 

Federika Lispector

https://www.facebook.com/federikalispector/


Dica para uma boa interpretação

De Teatro e  Poesia Falada

 1. Memorizar plenamente o texto

 2. Ter compreensão total sobre o seu significado

 3. Exercitar a respiração e o rítmo da fala para passar ao público compreensão total da poesia que está sendo interpretada

 4. Fazer uma leitura sem pressa de cada verso, para perceber as nuances da sonoridade de cada palavra nele contida

 5. Depois da poesia memorizada, experimentar a fala, quantas vezes forem precisas, até encontrar a melhor interpretação, e nunca se sentir satisfeito com o resultado conseguido. Experimentar sempre, pois formas de se falar uma poesia são múltiplas.

Teatro do Absurdo

 

Lis a mulher dos sonhos

quem sabe ela

me traga a palavra clara

absurda exata

sendo Florbela Espanha

em Guernica quem sabe ainda

as nossas bodas de prata

nalgum pomar desse Zeus

em nosso quintal de amoras

pitangas jabuticabas

mito que nunca acaba

e na vertigem me devora


Artur Gomes

Teatro do Absurdo

https://www.facebook.com/fulinaimateatroabsurdo/



                    Jogo de Búzios

ogum não permitiu que iansã
doasse o coração para xangô
e deu-se num trovão pela manhã
o seu amor oxossi em cada um

exu de sangue e ferro
então mandou cortar meu coração
em mais pedaços
assim se fez sem nenhum berro
por isso tens-me aqui entre os seus braços

oxalá então cantou vendo a magia

fez a terra estremecer

de africania
américa quem sabe 

porque canto de alegria
quando choram nos meus olhos
todos mares da Bahia
fazendo um doce mar ficar oxum
um velho doce mar ficar oxum

ArturGomes/Paulo Ciranda





Artur Gomes

FULINAIMAGEM

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ANTOLOGIA PESSOAL 13

por Ademir Assunção

 

TERRA DE SANTA CRUZ

 

ao batizarem-te deram-te o nome

posto que a tua profissão

é abrir-te em camas

dar-te em ferro

 ouro prata

rios peixes

minas mata

deixar que os abutres

devorem-te na carne

o derradeiro verme.

 

salve lindo pendão que balança

entre as pernas abertas da paz

tua nobre sifilítica herança

dos rendez-vous de impérios atrás.

 

meu coração é tão hipócrita que não janta

e mais imbecil que ainda canta

ouviram no ipiranga às margens plácidas

uma bandeira arriada

num país que não levanta.

 

telefonaram-me

 avisando-me que vinhas

na noite

uma estrela ainda brigava

contra a escuridão

na rua sob patas

 tombavam homens indefesos

esperei-te vinte anos

e até hoje não vieste

à minha porta.

 

o poeta estraçalha a bandeira

raia o sol marginal quarta-feira

na geléia geral brasileira

o céu de abril não é de anil

nem general  é my  brazil.

 

minha verde e amarela esperança

portugal já vendeu para a frança

e o coração latino balança

entre o mar de dólares do norte

e o chão dos cruzeiros do sul.

 

o poeta esfrangalha a bandeira

raia o sol marginal sexta-feira

nesta zorra estrangeira e azul

que há muito índio dizia:

 

meu coração marçal tupã

 sangra tupy e rock’n’roll

meu sangue tupiniquim

 em corpo tupinambá

samba jongo maculelê

maracatu boi bumbá

a veia de curumim

é coca cola e guaraná.

 

o sonho rola no parque

o sangue ralo no tanque

nada a ver com tipo dark

muito menos com punk

meu vício letal é baiafro

com ódio mortal de ianque.

 

ó baby a coisa por aqui

não mudou nada

embora sejam outras

 siglas no emblema

espada continua a ser espada

poema continua a ser poema.

 

Artur Gomes

Do cd Fulinaíma – Sax, Blues e Poesia

Edição do autor, 2002


"Terra de Santa Cruz "  é foda, um épico, como poucos, muito poucos, da desgraça dessa nossa terra tão violentada. Para quem conhece a versão gravada, na voz de Artur Gomes, cruzada com o blues Noite Escura, de Reubes Pessa publicação do poema no silêncio da escrita é uma redução drástica, mesmo que mantenha sua contundência cristalina e triste. Porra, ouça isso. As imagens são simples, a impressão é de que foi o que deu pra fazer. O que importa é a força do poema lançada como lava de vulcão bem dentro dos nossos ouvidos. Eis o link: https://www.facebook.com/studiofulinaima/videos/1366124026815847/?hc_ref=PAGES_TIMELINE



obs.: terra de santa cruz foi escrito na década de 1980 do século 20. Sua primeira publicação se deu no livro Couro Cru & Carne Viva – 1987 – republicado  2019 na antologia pessoal  Pátria A(r)mada – Editora Desconcertos, com prefácio de Ademir Assunção




Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

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              7 Sereias no Longe

 

nem veredas nem nonada

tudo DADA tudo ista

o poema nasce em mim

e de forma bem imprevista

 

poema um beijo na boca

os olhos zuis como lua

nós dois amantes da rua

comendo jabuticaba

 

nenhuma alma presente

As 7 Sereias no Longe

As 7 musas - mar a vista

na febre do diamante

 

meto o meu o metal no cateto

na carnal da tua hipotenusa

o poema arranha aranha na blusa

desconcerta a matemática no vestido

 

“As 7 Sereias do Longe”

ainda cantam em meus ouvidos

será que Hygia se foi para o nunca mais

do nada tudo nada NONADA

 

ainda queima a carne

São José do Rio Preto

Nova Granada

Jardinópolis

Registro

Dracena

Batatais

 

teu barco me leva mar a dentro

o que não tem portal ou cais

a rua onde mora agora – formosa

já foi nome militar – “militar me limita”

 

mas tuas janelas me abrem portas

onde estás copacabana

me deixa um gosto de sal

da água que lambeu as suas pernas

naquela noite de natal

 

citações: “As 7 Sereias do Longe” – tese de doutorado de Hygia Calmon Ferreira sobre a obra Guimarães Rosa. – 1992

“militar me limita” Pat Raider – hoje Karlos Chapul – 1987

 

Artur Gomes

O homem com a flor na boca

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Artur Gomes

FULINAIMICAMENTE

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o vôo
de Heras
EvoEros

enquanto espero

outras Eras

primasVeras nesse quase verão/inverno

que me tire desse purgatório

 nó da gravata

 quase mesmo inferno

nos abismos desse terno

recortado por Gamboa

mas não sou Pessoa

dessa pedra Itabira

esse pó quase me pira

muritiba muquirana

Itabapoana não me engana

Macunaína ainda vive

nas favelas de Copacabana

  

Federico Baudelaire

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Drummundana Itabirina

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essa dica não é minha

dia 11 de outubro

a Nação Goytacá

vai Balburdiar

na CasAmarÉlinha

 

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              jogo de dadaísta

não sou iluminista/nem pretender

eu quero o cravo e a rosa

cumer o verso e a prosa

devorar a lírica a métrica

a carne da musa

seja branca/negra

amar/ela vermelha verde

ou cafusa

eu sou do mato curupira carrapato

eu sou da febre sou dos ossos

sou da lira do delírio

e virgílio é o meu sócio

pernambuco amaralina

vida leve ou sempre/vida severina

sendo mulher ou só menina

que sendo santa prostituta

ou cafetina

devorar é minha sina

profanar é o meu negócio

 

Artur Gomes

Juras Secretas

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clique no link para v(l)er o vídeo filmado em Gargaú por Letícia Rcha com trilha sonora de Fil Buc

https://www.youtube.com/watch?v=szABRGqMqH8&t=10s

No próximo vinte e dois deste setembro dois mil e vinte e cinco finco os olhos na tela do ArteCult.com para v(l)er por onde andará Macunaíma?, coluna assinada pelo “bardo da cacomanga”. E por onde andará Macunaíma? Pelo polo sul ou norte? Ainda andará nos traços a lápis de José César Castro, o fógrafo/desenhista que não é casto?  Talvez com um pouco de sorte nos encontremos com ele naquela preguiça boa, escre/vivendo/falando poesia pelo litoral de São Francisco onde Itabapoana agora é pedra que voa.

E atenção jovens de Campos dos Goytacazes e região, no dia 27 deste na Casa de Cultura Villa Maria, você tem um encontro marcado com o Encontro Literário – Jovens Em Movimento – estejam atentos estejam alertas - mexam-se leiam pois só o conhecimento liberta  

Artur Gomes (Campos dos Goytacazes-RJ, 1948) é poeta, ator, produtor cultural e vídeo maker, com mais de cinco décadas de intensa atuação nas artes. Criador de projetos que marcaram a cena literária e audiovisual brasileira, como o FestCampos de Poesia Falada e a Mostra Visual de Poesia Brasileira, Artur construiu uma trajetória que une poesia, performance e experimentação multimídia.

Em 2019, lançou o Sarau Balbúrdia PoÉtica, que se tornou um espaço vibrante de celebração da poesia falada e da performance, circulando por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Cabo Frio e Campos dos Goytacazes. O projeto já realizou onze edições, incluindo participações em eventos de grande destaque, como a Bienal do Livro de Campos, e contou com apoio de instituições culturais e do portal ArteCult.com

Autor de mais de 15 livros publicados, entre eles Juras Secretas (2018), Pátria A(r)mada (2019, Prêmio Oswald de Andrade/UBE-Rio) e O Homem Com a Flor na Boca (2023), e Itabapoana Pedra Pássaro Poema (2025). Artur segue produzindo intensamente e difundindo a literatura contemporânea. Mantém o blog Nação Goytacá, https://arturgumes.blogspot.com/

 onde reúne a série TransPoÉticas – Coletânea de Poetas Vivos, reafirmando seu papel como articulador cultural e voz ativa da poesia brasileira.


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Por ONde Andará Macunaíma?

                         VeraCidade   A inexistência da poesia em uma cidade não é bacana, é o reflexo do estrago da sensibilidade humana   ...